Mira Wajntal
Psicanálise com adultos, crianças e bebês. Quando procurar? Por que fazer um atendimento familiar? Isto e muito mais: o blog procura reunir uma série de reflexões baseadas na clinica cotidiana de um psicanalista.
sexta-feira, 22 de maio de 2020
segunda-feira, 11 de dezembro de 2017
PARTICIPAÇÃO NO PROGRAMA MOMENTO PAPO DE MÃE - TV CULTURA
COMO LIDAR COM O CIÚMES ENTRE OS FILHOS
MÃES TENTANTES
https://www.youtube.com/watch?v=wKCGwDgpB0I&t=12s
domingo, 22 de outubro de 2017
QUEM DECIDE EM CASA? TV NOVA!
TV NOVA!!!
Arthur, 9 anos, e Paulo, 6 anos, estavam muito ansiosos pela chegada da
nova TV. Eram 16 horas quando a loja entregou. Agora eles não se continham de
agitação, esperando pela chegada do pai, pois mamãe declarou que “só em sua
presença” a novidade seria aberta.
Naquele dia papai chegou tarde, extenuado, mas como adiar mais um dia a
espera dos filhos?
Abriram a caixa, instalaram a TV, plugaram… e como fazer funcionar? Como
usar os comandos do controle? Aquela hora do noite, com o dia carregado nas
costas, as letrinhas minúsculas do manual em inglês ou espanhol, parecia um
desafio impossível. Eis que Arthur sugeriu: “Deixa que eu consigo!!!”
O pai disse que não, melhor ele mesmo tentar. Podemos deixar para
amanhã, sugeriu depois de um tempo cansado da sopa de letrinhas que via no
manual. “Olha, pai, é só sintonizar aqui.”- tentou Arthur.
Opa! Conectou-se um menu. O pai, já mais flexível, entregou o controle
na mão dos garotos, enquanto prosseguia a leitura das instruções.
Arthur e Paulo disputavam o controle, começaram a brigar. A mãe
interveio, sugerindo que Arthur deixasse o menor olhar um pouquinho.
“Mas ele mal sabe ler”, retrucou Arthur. “Não vai conseguir”.
Neste meio tempo, Paulo já estava dentro do modo TV e escolhendo seus
desenhos para assistir.
Neste novo universo digital, muitas vezes são os filhos que detêm o
saber e a habilidade, fazendo com que os pais se sintam fora “do comando”.
Muito provavelmente vocês pais leitores lembram-se de seus pais serem as
grandes fontes de transmissão de saber. Mas, com certeza, já se viram na
estranha situação de dependerem dos filhos tanto para decifrar, como para
escolher por vocês o modelo do celular ou som e TV que vão adquirir. São eles
também que, com facilidade, conseguem informações e roteiros para os programas
em família. Isto os coloca em uma posição de privilegio e inverte a ordem das
gerações – os filhos passam a ser os instrutores dos pais.
É claro que nós pais ficamos orgulhosos com a inteligência e “esperteza”
dos filhos, afinal são melhores que a gente!!! Com rapidez decifram o que para
a outra geração era desafiador e enigmático.
Esta inversão que parece banal e corriqueira nos nossos tempos pode
comportar uma mensagem um tanto complicada – são eles quem sabem! E como saber,
muitas vezes significa poder… serão eles que podem! Eles decidem!
Sim! Nós criamos os filhos para o mundo e superar os pais, em geral, é
esperado, mas na idade adulta. O controle digital desta geração, os leva a crer
em uma autonomia que pouca maturidade têm para exercê-la. Acham que podem,
agora, tudo sozinhos sem a tutela de pais e professores. Muitos dos conflitos e
desafios vistos nas escolas e nas famílias parecem se pautar neste tipo de
vivência.
Como sair desta? Afinal é verdade que no quesito digital eles realmente
levam a supremacia.
Então Pais! Vamos pensar em
que outros aspectos estaríamos agindo da mesma forma? Em quais situações nós
poderíamos estar abrindo mão desnecessariamente de ser o tutor do filho?
Devemos ter cuidado para não acreditarmos que o fato dos nossos filhos terem
esta habilidade que a nossa geração nem sequer sonhou.
QUEM DECIDE EM CASA?
Pizza de Domingo
Papai decidiu comprar um pizza para o jantar. Claro! Ele já saboreava
sua tradicional e adorada calabresa… faz tempo que não comia uma, pensou… Mamãe
logo concordou! Aposto que já pensava na sua de abobrinha… eis que André, 4
anos, declarou: “quero pissa de queso”. Pais se entreolharam um pouco
desolados:
“Bom, pedimos 1/2 de abobrinha e 1/2 mozzarella para André. Na próxima
eu escolho a nossa metade, tá bom querida?”, papai vem a conciliar.
Mamãe remenda: “E a Joana?”, filha de 2 anos do casal.
“Para ela, mozzarella está bom”, papai afirma resoluto.
“Será?” Mamãe duvida.
Como você, leitor, acha que deve acabar esta história?
O que faria no lugar destes pais?
Hoje, cada vez mais, vemos os filhos serem aqueles que decidem tudo em
casa. Parece que nós, pais, deixamos de dizer o que pode ou não pode, de
resolver como será uma mera pizza de domingo.
A família que, tradicionalmente, deveria ser a transmissora da cultura,
portanto balizadora das normas de conduta, ultimamente, vem deixando de exercer
estas funções. E a educação dos nossos pequenos, cada vez mais vem sendo
delegada a cuidadores profissionais ou a instituições de educação, uma vez que
os pais necessitam se afastar para trabalhar por longos períodos, restando-lhes
pouco tempo para se dedicarem ao convívio com os filhos.
Quando presentes, os pais não têm vontade de dar limites ou ocupar o
espaço de educadores, pois sentem-se culpados devido ao seu longo período de
ausência, querendo compensar os filhos como sendo muito prazeroso os poucos
momentos que podem desfrutar juntos.
Infelizmente a ideia de uma boa convivência é associada a momentos sem
regras ou limites. Um momento legal seria aquele em que pode tudo! Que se pode
desfrutar de tudo! As crianças vêm sendo ensinadas por nós que tudo podem, e
nós adultos lhes devemos um mundo de alegrias e prazeres.
Isto acontece pelo fato dos pais temerem ser considerados pelos filhos
como “pais ruins” quando além da ausência, têm que impor regras e limites. Mas
não esqueçam que serão justamente estas regras e limites que farão com que os
filhos cresçam seguros, não vivendo qualquer frustração como uma catástrofe
irreversível.
As regras e os limites, quando bem administrados, não gerarão crianças
mimadas e birrentas, revindicando que o mundo gire só em torna delas. É claro
que um choro sempre tem um valor de comunicação e também não pode ser só
compreendido como resultado de um mal comportamento ou birra, mas não podemos
perder de vista que limites e novos desafios são importantes para a conquista da
autonomia e maturidade da criança. Desta forma, quando crescerem vão poder agir
como adultos. Devemos nos perguntar, seriamente se não estamos transmitindo um
ideal de mundo em que tudo e todos lhes devem muita alegria e satisfações, tudo
é de seu direito, todos devem lhe servir.
Portanto, pais, não deixem
de dar estes contornos tão necessários para o desenvolvimento dos seus filhos.
Diversão e brincadeira são muito importantes! Mas não é só isto! Ser pai e mãe
é dar contorno e valores que só são transmitidos através de atitudes coerentes
e consistentes. Dar rotina, regras e limites é nossa função!
quinta-feira, 11 de fevereiro de 2016
" O SILÊNCIO QUE FALA"
O filme "Silencio que fala",
dirigido por Miriam Chnaiderman, dá voz aos pais de pessoas que foram
diagnosticadas com autismo. São relatos de tocantes experiências sobre
pessoas que se beneficiaram do trabalho psicanalítico, colhidos em várias
cidades e instituições do Brasil pelo Movimento Psicanálise, Autismo e
Saúde Pública (MPASP).
segunda-feira, 25 de janeiro de 2016
POR QUE ATENDER PAIS E CRIANÇAS?
“Paulo e Vera procuram auxílio para seu filho André, hoje com 4 anos, que vem apresentando comportamento de isolamento na escola. Não quer conversar com eles sobre o que está acontecendo. Prefere brincar sozinho, solicitando pouco os adultos. Requer atenção apenas quando quer alguma coisa. Vera relata que se sente isolada. Esta sensação lhe remete à sua infância, quando seu pai retornava muito alterado para casa e agredia sua mãe e irmã mais velha. Ela mergulha nesta lembrança de ambivalência: ficou de fora da cena agressiva, mas, por outro lado, isto lhe salvou. O isolamento do filho parece cutucar esta lembrança.”
O relato acima, embora
fictício, ilustra o cotidiano do acolhimento clínico que se realiza no
atendimento de crianças. Acolher e receber as tramas dramáticas de uma família é
o nosso ofício. Sabemos como as tragédias familiares têm o dom de se emaranhar
com a história subjetiva de cada um de nós. Com a família de André, o mesmo
processo acontece.
Poder falar de como um
evento trágico incide no drama pessoal de cada um dos envolvidos está longe de
colocar ambos como causa e consequência. Mas vemos que, em muitos casos, ao
realizar este trabalho de circulação dos eventos da história familiar, as
condições e relações entre os membros desta família melhoram, isto é válido
também para as crianças.
É da maior importância ter
claro que fatos da história não são suficientes, principalmente nos casos de
maior gravidade, para afirmar a causa de uma sintomatologia na infância. Mas não
devemos esquecer que somos seres históricos e estamos acostumados a pensar
nesta perspectiva. Somos a única espécie que tem noção do tempo, a qual cada
pessoa se comporta de forma única e
é capaz de construir uma trama psíquica sobre suas vivências.
Esta
construção não deve ser entendida como causa de uma doença. Ela se inscreve nas nossas vivências,
principalmente diante do sofrimento. Mas não necessariamente explica a causa de
uma doença. São realidades distintas. Estamos diante de uma pluralidade de
fatores aonde a reconstrução de um fato difere muito da reconstituição dos
fatos. Incorrer na confusão entre a possibilidade de reconstrução simbólica de
uma vivência e a restituição do factual tem suas implicações éticas.
Quando
vê o isolamento de seu filho André, Vera é invadida por lembranças. Ao se
trabalhar tais lembranças ela terá novos recursos para lidar com André sem se
paralisar diante dos sentimentos de solidão e isolamento que sua lembrança
evoca. O movimento interno de Vera pode abrir novas possibilidades para André,
inclusive para que este possa realizar o seu trabalho analítico. Vejam, não
estamos falando de causa de uma doença e sim do movimento plástico das tramas
psíquicas.
Quando uma família nos
solicita ajuda, está em dificuldades e seus membros sentem-se sozinhos. Sabemos
da dor dos pais quando nos procuram e da dificuldade de enfrentarem estas dores
sozinhos.
Nós, analistas, também somos
afetados pelos dramas dos quais cuidamos, mas compartilhar ou demonstrar tais
sentimentos podem mais atrapalhar do que ajudar as crianças e famílias em uma
análise. Tais sentimentos costumam ser uma ótima bússola para ajudar no tratamento,
dão notícias sobre as vivências das famílias. Mas isto não quer dizer que entendemos ser
possível achar um culpado ou uma causa única para o que está acontecendo com a
criança e a família.
Toda esta discussão, da
maior importância, vem sendo nosso foco, tanto nos acolhimentos institucionais
como nos consultórios.
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segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015
Como deve ser o trabalho de profissionais da saúde na primeira infância?
Entrevista concedida à TV UNESP
A psicanalista Mira
Wajntal destaca o papel de intervenção para diagnosticar patologias
http://www.tv.unesp.br/3953
Os profissionais de
saúde têm um papel fundamental ao compreender a relação entre pais e filhos a
fim de diagnosticar indicadores que podem mostrar patologias graves. A
psicanalista Mira Wajntal detalha o trabalho de formação no Instituto Sedes
Sapientiae e da prefeitura de São Paulo nos hospitais de infância.
Mira detalha ainda que
faltam políticas públicas para valorizar as crianças com problemas psíquicos.
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