segunda-feira, 11 de dezembro de 2017

domingo, 22 de outubro de 2017

QUEM DECIDE EM CASA? TV NOVA!

TV NOVA!!!



Arthur, 9 anos, e Paulo, 6 anos, estavam muito ansiosos pela chegada da nova TV. Eram 16 horas quando a loja entregou. Agora eles não se continham de agitação, esperando pela chegada do pai, pois mamãe declarou que “só em sua presença” a novidade seria aberta.

Naquele dia papai chegou tarde, extenuado, mas como adiar mais um dia a espera dos filhos?

Abriram a caixa, instalaram a TV, plugaram… e como fazer funcionar? Como usar os comandos do controle? Aquela hora do noite, com o dia carregado nas costas, as letrinhas minúsculas do manual em inglês ou espanhol, parecia um desafio impossível. Eis que Arthur sugeriu: “Deixa que eu consigo!!!”

O pai disse que não, melhor ele mesmo tentar. Podemos deixar para amanhã, sugeriu depois de um tempo cansado da sopa de letrinhas que via no manual. “Olha, pai, é só sintonizar aqui.”- tentou Arthur.

Opa! Conectou-se um menu. O pai, já mais flexível, entregou o controle na mão dos garotos, enquanto prosseguia a leitura das instruções.

Arthur e Paulo disputavam o controle, começaram a brigar. A mãe interveio, sugerindo que Arthur deixasse o menor olhar um pouquinho.
“Mas ele mal sabe ler”, retrucou Arthur. “Não vai conseguir”.
Neste meio tempo, Paulo já estava dentro do modo TV e escolhendo seus desenhos para assistir.

Neste novo universo digital, muitas vezes são os filhos que detêm o saber e a habilidade, fazendo com que os pais se sintam fora “do comando”.
Muito provavelmente vocês pais leitores lembram-se de seus pais serem as grandes fontes de transmissão de saber. Mas, com certeza, já se viram na estranha situação de dependerem dos filhos tanto para decifrar, como para escolher por vocês o modelo do celular ou som e TV que vão adquirir. São eles também que, com facilidade, conseguem informações e roteiros para os programas em família. Isto os coloca em uma posição de privilegio e inverte a ordem das gerações – os filhos passam a ser os instrutores dos pais.
É claro que nós pais ficamos orgulhosos com a inteligência e “esperteza” dos filhos, afinal são melhores que a gente!!! Com rapidez decifram o que para a outra geração era desafiador e enigmático.

Esta inversão que parece banal e corriqueira nos nossos tempos pode comportar uma mensagem um tanto complicada – são eles quem sabem! E como saber, muitas vezes significa poder… serão eles que podem! Eles decidem!

Sim! Nós criamos os filhos para o mundo e superar os pais, em geral, é esperado, mas na idade adulta. O controle digital desta geração, os leva a crer em uma autonomia que pouca maturidade têm para exercê-la. Acham que podem, agora, tudo sozinhos sem a tutela de pais e professores. Muitos dos conflitos e desafios vistos nas escolas e nas famílias parecem se pautar neste tipo de vivência.

Como sair desta? Afinal é verdade que no quesito digital eles realmente levam a supremacia.
Então Pais! Vamos pensar em que outros aspectos estaríamos agindo da mesma forma? Em quais situações nós poderíamos estar abrindo mão desnecessariamente de ser o tutor do filho? Devemos ter cuidado para não acreditarmos que o fato dos nossos filhos terem esta habilidade que a nossa geração nem sequer sonhou.


QUEM DECIDE EM CASA?

Pizza de Domingo







Papai decidiu comprar um pizza para o jantar. Claro! Ele já saboreava sua tradicional e adorada calabresa… faz tempo que não comia uma, pensou… Mamãe logo concordou! Aposto que já pensava na sua de abobrinha… eis que André, 4 anos, declarou: “quero pissa de queso”. Pais se entreolharam um pouco desolados:

“Bom, pedimos 1/2 de abobrinha e 1/2 mozzarella para André. Na próxima eu escolho a nossa metade, tá bom querida?”, papai vem a conciliar.
Mamãe remenda: “E a Joana?”, filha de 2 anos do casal.
“Para ela, mozzarella está bom”, papai afirma resoluto.
“Será?” Mamãe duvida.

Como você, leitor, acha que deve acabar esta história?
O que faria no lugar destes pais?

Hoje, cada vez mais, vemos os filhos serem aqueles que decidem tudo em casa. Parece que nós, pais, deixamos de dizer o que pode ou não pode, de resolver como será uma mera pizza de domingo.

A família que, tradicionalmente, deveria ser a transmissora da cultura, portanto balizadora das normas de conduta, ultimamente, vem deixando de exercer estas funções. E a educação dos nossos pequenos, cada vez mais vem sendo delegada a cuidadores profissionais ou a instituições de educação, uma vez que os pais necessitam se afastar para trabalhar por longos períodos, restando-lhes pouco tempo para se dedicarem ao convívio com os filhos.

Quando presentes, os pais não têm vontade de dar limites ou ocupar o espaço de educadores, pois sentem-se culpados devido ao seu longo período de ausência, querendo compensar os filhos como sendo muito prazeroso os poucos momentos que podem desfrutar juntos.

Infelizmente a ideia de uma boa convivência é associada a momentos sem regras ou limites. Um momento legal seria aquele em que pode tudo! Que se pode desfrutar de tudo! As crianças vêm sendo ensinadas por nós que tudo podem, e nós adultos lhes devemos um mundo de alegrias e prazeres.

Isto acontece pelo fato dos pais temerem ser considerados pelos filhos como “pais ruins” quando além da ausência, têm que impor regras e limites. Mas não esqueçam que serão justamente estas regras e limites que farão com que os filhos cresçam seguros, não vivendo qualquer frustração como uma catástrofe irreversível.

As regras e os limites, quando bem administrados, não gerarão crianças mimadas e birrentas, revindicando que o mundo gire só em torna delas. É claro que um choro sempre tem um valor de comunicação e também não pode ser só compreendido como resultado de um mal comportamento ou birra, mas não podemos perder de vista que limites e novos desafios são importantes para a conquista da autonomia e maturidade da criança. Desta forma, quando crescerem vão poder agir como adultos. Devemos nos perguntar, seriamente se não estamos transmitindo um ideal de mundo em que tudo e todos lhes devem muita alegria e satisfações, tudo é de seu direito, todos devem lhe servir.

Portanto, pais, não deixem de dar estes contornos tão necessários para o desenvolvimento dos seus filhos. Diversão e brincadeira são muito importantes! Mas não é só isto! Ser pai e mãe é dar contorno e valores que só são transmitidos através de atitudes coerentes e consistentes. Dar rotina, regras e limites é nossa função!