Pizza de Domingo
Papai decidiu comprar um pizza para o jantar. Claro! Ele já saboreava
sua tradicional e adorada calabresa… faz tempo que não comia uma, pensou… Mamãe
logo concordou! Aposto que já pensava na sua de abobrinha… eis que André, 4
anos, declarou: “quero pissa de queso”. Pais se entreolharam um pouco
desolados:
“Bom, pedimos 1/2 de abobrinha e 1/2 mozzarella para André. Na próxima
eu escolho a nossa metade, tá bom querida?”, papai vem a conciliar.
Mamãe remenda: “E a Joana?”, filha de 2 anos do casal.
“Para ela, mozzarella está bom”, papai afirma resoluto.
“Será?” Mamãe duvida.
Como você, leitor, acha que deve acabar esta história?
O que faria no lugar destes pais?
Hoje, cada vez mais, vemos os filhos serem aqueles que decidem tudo em
casa. Parece que nós, pais, deixamos de dizer o que pode ou não pode, de
resolver como será uma mera pizza de domingo.
A família que, tradicionalmente, deveria ser a transmissora da cultura,
portanto balizadora das normas de conduta, ultimamente, vem deixando de exercer
estas funções. E a educação dos nossos pequenos, cada vez mais vem sendo
delegada a cuidadores profissionais ou a instituições de educação, uma vez que
os pais necessitam se afastar para trabalhar por longos períodos, restando-lhes
pouco tempo para se dedicarem ao convívio com os filhos.
Quando presentes, os pais não têm vontade de dar limites ou ocupar o
espaço de educadores, pois sentem-se culpados devido ao seu longo período de
ausência, querendo compensar os filhos como sendo muito prazeroso os poucos
momentos que podem desfrutar juntos.
Infelizmente a ideia de uma boa convivência é associada a momentos sem
regras ou limites. Um momento legal seria aquele em que pode tudo! Que se pode
desfrutar de tudo! As crianças vêm sendo ensinadas por nós que tudo podem, e
nós adultos lhes devemos um mundo de alegrias e prazeres.
Isto acontece pelo fato dos pais temerem ser considerados pelos filhos
como “pais ruins” quando além da ausência, têm que impor regras e limites. Mas
não esqueçam que serão justamente estas regras e limites que farão com que os
filhos cresçam seguros, não vivendo qualquer frustração como uma catástrofe
irreversível.
As regras e os limites, quando bem administrados, não gerarão crianças
mimadas e birrentas, revindicando que o mundo gire só em torna delas. É claro
que um choro sempre tem um valor de comunicação e também não pode ser só
compreendido como resultado de um mal comportamento ou birra, mas não podemos
perder de vista que limites e novos desafios são importantes para a conquista da
autonomia e maturidade da criança. Desta forma, quando crescerem vão poder agir
como adultos. Devemos nos perguntar, seriamente se não estamos transmitindo um
ideal de mundo em que tudo e todos lhes devem muita alegria e satisfações, tudo
é de seu direito, todos devem lhe servir.
Portanto, pais, não deixem
de dar estes contornos tão necessários para o desenvolvimento dos seus filhos.
Diversão e brincadeira são muito importantes! Mas não é só isto! Ser pai e mãe
é dar contorno e valores que só são transmitidos através de atitudes coerentes
e consistentes. Dar rotina, regras e limites é nossa função!